julho 28, 2009

Conto Rebelião 88: O Heptáculo de Haniel




Rosemary Melgar ligou a lanterna apontando o facho de luz azulada para a fenda entre as placas de pedra cobertas pelo tapete de grama molhada. Jovilio, seu parceiro, estava imerso no lago até a altura do umbigo, alheio ao frio de outono. Era madrugada, e o orvalho cobria o tapete florido naquele recanto pouco visitado do Jardim Shukkeien da cidade reconstruída de Hiroshima. Angelina Kure, alta e de silhueta esquálida, observava a insólita com um palmtop freneticamente carregado com novos dados, vigiando o perímetro e confiante na proteção de seu talismã africano de conchas marinhas. Embora não duvidasse dos poderes mágicos do talismã, Rosemary sabia que o principal feito de Angelina Kure fora subornar os guardas-noturnos, “convencendo-os” a fazer a ronda numa praça bem distante dali, e utilizar seus contatos dentro da administração municipal para conseguir a interdição da ponte estreita que era a única forma de se alcançar aquela minúscula clareira quase oculta pelo pomar de cerejeiras.



O HEPTÁCULO DE HANIEL foi escrito por Simões Lopes

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