julho 14, 2008

Conto Rebelião 49: A Brandura do Coração Selvagem


Ventava forte na ilha quando o deus do fogo chegou. Seu olhar deslizou pelos ares, passando os silfos em revista. Uma grande massa de ar frio vinha do oceano, trazendo o cheiro de maresia e uma tempestade potencialmente destrutiva em seu rastro.

Os Shedim agitavam-se, turbilhonando para cima e para baixo na atmosfera, vibrando sob domínio do deus. Seus pés imortais pisaram o átrio e penetraram a sala de espera do hospital. No silêncio da madrugada, poucas pessoas circulavam na sala de espera — alguns pais preocupados com uma febre que não cedia ou filhos temerosos com a respiração dos velhos. Ninguém percebeu o deus, pois era sua vontade. Suas asas flamejantes se abriram — asas quentes como um inferno nuclear, mas inofensivas se o quisesse — e ele alçou vôo, atravessando vigas de aço e toneladas de concreto sem causar dano. O nume ardente chega à UTI e pára frente um leito. O relógio marcava 03h47, e continuaria assim pelos próximos minutos.


A BRANDURA DO CORAÇÃO SELVAGEM foi escrito por Renato Simões

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