junho 26, 2009

Conto Rebelião 87: A Paixão do Deus Alce


Ao ar livre, a temperatura devia chegar a uns vinte graus negativos, mas dentro do vestíbulo estreito, cujo chão era atapetado por peles felpudas, a temperatura era tão elevada, que as pessoas suavam em profusão. Um grupo de mulheres jovens, vestindo apenas um avental tosco de lã amarelada, fazia uma triagem na fila de visitantes.

Todos ali eram mulheres, e aquelas que ali chegavam traziam nos olhos embaçados sinais de um entorpecimento extremo. Elas gritavam, choravam e gargalhavam, e algumas delas jogavam suas roupas no chão, sem o menor pudor. Uma mulher pequena, de pele bronzeada e olhos miúdos esverdeados, com ar de intelectual, trajando um tailleur de griffe e óculos de aro fino, interpelava uma das zeladoras do recinto. Gritando agressivamente em francês (com um leve sotaque valão), ela tentava atravessar a barreira formada por quatro jovens altas de cabelos cor de palha, que impediam a passagem do mulherio irrequieto.



A PAIXÃO DO DEUS ALCE foi escrito por Simões Lopes

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