Gostaria que o homem parasse de gritar. Não porque me incomoda. Ao contrário, não consigo entender quase nada do que ele diz. Apenas as palavras “por quê”, “doido” e “mortes” chegam aos meus ouvidos. Nem mesmo a pistola negra – que pela terceira ou quarta vez é jogada na mesa à minha frente – faz meus nervos saltarem.
Talvez porque não tenham mais essa capacidade.
Após esbravejar, chutar a cadeira e enfiar o gélido cano em minha testa, o homem vai embora, como fizeram os outros três nesta noite miserável. Continuo com o olhar fixo e consigo escutar mais uma palavra dita pelo homem, já no corredor: “catatônico”.
BRUNA SOUZA MELO, PRIMAL foi escrito por Andre Esteves
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