março 29, 2008

Conto Rebelião 22: Antípodas


O sol brilhava forte. Nas árvores frondosas, macacos de pelagem amarela pulavam pelos galhos, enquanto enormes morcegos dormiam dependurados de cabeça para baixo. Um búfalo ruminava preguiçosamente na relva alagada. Uma grande cabeça de pedra, quase inteiramente coberta pela vegetação, parecia vigiar a entrada de uma gruta. Lá dentro, o corpo miúdo de Gauri Ingavat banhava-se ao brilho pálido de uma pequena fogueira. Sentada em posição de lótus, a pequena tailandesa entoava um misterioso cântico, enquanto derramava o conteúdo de uma pequena tigela de barro no fogo. À medida que o líquido pingava e fervia, fazendo um suave chiado, o fogo alterava sua cor, passando do amarelo ao verde, e deste ao verde-azulado escuro. Uma fumaça escura embaçava os óculos de aro fino da mulher, que olhava fixamente para o teto. As pupilas se dilatavam. Uma fenda no teto da gruta projetava um fino facho de luz que refletia em suas lentes. Os olhos brilhavam agora com o mesmo matiz das chamas.


ANTÍPODAS foi escrito por Simoes Lopes

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