Pela janela da sala de jantar eu vejo a cerrada floresta de mangueiras e jaqueiras que cerca o meu sítio. No alto do céu, uma lua minguante pálida desliza através uma cortina de nuvens leitosas. A escuridão da mata contrasta com o brilho de um sem número de pontinhos luminosos, que se observados com mais atenção, revelam ser olhos. Eles piscam num ritmo frenético, como vaga-lumes diabólicos, salpicando com uma débil claridade escarlate as sombras das árvores centenárias.
Eu sei de quem são esses olhos. Sei quem eles são. Na verdade, estou aqui à sua espera. Sinto-os movendo-se por entre as moitas e arbustos com um suave ruído, e à medida que a sinistra matilha passa até mesmo os grilos se calam, envolvendo os arredores de minha casa com uma aura de silêncio sepulcral.
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