Ridi Pagliaccio

O ator Heath Ledger foi encontrado morto nesta última Terça-feira em torno das 18h35, horário de Brasília. Escutei a noticia no telejornal e não consegui acreditar, fiquei meio embasbacado, mas que de costume, daí fui ler a respeito. Ao que se sabe, através das notícias que foram divulgadas, ao lado do corpo foram encontrados tranqüilizantes. Repentinamente fiz uma viagem no tempo até 1993 quando morria o ator River Phoenix, avancei até o ano seguinte e lembrei do Kurt Cobain. Mesmo que a causa da morte de Ledger não tenha nada haver com a morte destes dois, ainda que não tenham sido divulgadas informações detalhadas sobre o assunto, penso que este foi mais um grande talento que saiu de cena.

Ledger como o Coringa

Heath Andrew Ledger deu início a sua carreira fazendo o papel de Peter Pan em uma peça infantil e se tornou conhecido por grande sucessos como O Patriota, Coração de Cavaleiro, A Última Ceia, O Devorador de Pecados, Ned Kelly, o polêmico Brokeback Mountain que consolidou sua carreira, além de Os Irmãos Grimm, Candy e o inédito e último Batman – The Dark Knight, onde o ator deu vida ao Palhaço do Crime, o Coringa. Ele deixa uma filha de dois anos de idade, Matilda Rose Ledger e uma gama de fãs que podem se tornar mais numerosos com o resultado do papel de seu último filme.

Com este triste fato a franquia do homem-morcego tem um enorme buraco em seu elenco. Por outro lado poderá lucrar muito mais se o filme, tal como aconteceu com O Corvo estrelado por Brandon Lee, ficar marcado como o último de Ledger.
No título deste texto, talvez alguns pensem que foi algum tipo de piada mórbida ou mesmo uma “Piada Mortal”, me perdoem o trocadilho, mas quando Leoncavallo escreveu esta obra ele parecia falar sobre um fator conhecido. Algo que esta presente nas mortes de Phoenix, Cobain, Ledger e tantos outros: o fardo do reflexo do espelho. Eu explico o que quis dizer com isso...

Há muito, defendo a idéia de que a personalidade de um indivíduo é composta por milhares de outras. É como se todos os nossos “eus” travassem uma batalha para ver quem se sobressai e acaba aparecendo em um mero momento de nossas vidas. Chamo de reflexo do espelho porque este é o único lugar em que podemos olhar a nossa imagem e vê-la tal como é, ainda assim tenho certeza de que alguns não conseguem fazer isso e desconhecem suas próprias limitações. Apenas através do seu reflexo no espelho você pode se perguntar se realmente “conhece a ti mesmo”. Obviamente não vim até aqui para falar de filosofia, mas vale refletir um pouco sobre a morte destes caras em cima do trecho final da ópera: “Tramuta in lazzi lo spasmo ed il pianto; In una smorfia il singhiozzo e’l dolor…Ridi Pagliaccio, sul tuo amore infranto! Ridi del duol che t’avvelena il cor!” – (Transforma em piadas a angústia e as lágrimas; Em uma cara engraçada o soluço e a dor…Ria Palhaço, sobre o seu amor estilhaçado! Ria sobre a dor que envenena seu coração!)

Um grande Abraço! Até a próxima quarta-feira.

Heath Ledger * 1979 + 2008