novembro 22, 2007

Escravidão Digital

Não é de hoje que venho reparando o “bum” da expansão digital em nosso país, não é preciso citar o mundo inteiro neste caso. Pretendo me reter apenas ao que esta ao meu redor, a medida do possível.

Na semana passada, pouco antes da conversão do site para o formato blog, estava eu em minha casa finalizando alguns escritos de nosso próximo lançamento em RPG, ainda preferimos manter o projeto em segredo, mas o que posso dizer é que os fans de sci fi e ufologia devem ficar bem contentes com o material. Antes de desligar o computador e me recolher para finalmente descansar o esqueleto, salvei o texto, totalizava em torno de umas 20 páginas. Tratava-se da explicação sobre o novo universo, os protagonistas da trama e a ambientação, por sorte, estas são coisas que estão muito claras em minha mente e posso reescrever a qualquer momento sobre o assunto. Porém, o fato é que no dia seguinte o meu computador resolveu não funcionar mais, o estranho é que durante todos estes tempos eu não havia parado para reparar a tamanha dependência que temos hoje em dia em relação as maquinas. Entrei em pânico, um “bad block”, defeito típico de HD que não consegue processar dados, aos mais antigos, imagine um vinil arranhado (não sabe o que é vinil? Pesquise!). Em seguida o “braço do HD” começou a “bater” e ele não era mais reconhecido pelo computador. Resultado: Formatei a bagaça e perdi todo conteúdo (Por que não fez um backup JP? Porque o HD era novo, eu diria.)

O mais interessante na tecnologia atual é que todas as invenções são criadas para nos tornar mais acomodados, ainda lembro quando compramos nosso primeiro televisor de controle remoto. Eu ficava sentado trocando de canais o tempo inteiro, não precisava mais levantar para alternar a programação entre “Caverna do Dragão” na Globo e os seriados japoneses (Jaspion e cia...) da falecida TV Manchete. Eu ficava ali sentado confortavelmente em minha poltrona e o controle fazia todo o trabalho por mim.

Há algum tempo uma palavra vem me causando um certo pavor, uma coisa chamada integração digital, antes quem se interessava por informática corria atrás, eu mesmo aprendi a mecher no sistema operacional e em muitos outros programas lendo o menu “Ajuda”, mas muitos vem tentando popularizar a informática. Visto que uma criança de cinco anos já consegue operar um computador, que muita gente parou no tempo e que uma parcela grandiosa de nossa população, mesmo com tantas facilidades, não tem acesso a tal da informatização, a solução é integrar. O governo disponibiliza verba, ONGs se organizam e os tais projetos sociais de integração digital se tornam cada vez mais populares, isso tudo sem contar com a infinidade de Lan Houses que vem abrindo em cada esquina.

Mas ainda há um “xis” da questão que me parece não muito perceptível por todos estes usuários e futuros usuários das maquinas: “Brasileiro não gosta de ler o manual de instrução” ou pior “Brasileiro não gosta de ler”. Neste caso é bom que criem um programa de TV, um filme ou centros de integração digital. Afinal é sempre bom ter um jóquei para a condução do cavalo. Não pense que estou chamando todos de burros, jumentos ou afins, digo isso com base na minha argumentação. Durante dois anos trabalhei prestando suporte de informática em um callcenter e posso descrever casos medonhos de falta de noção em informática, coisas do tipo que a pessoa entra em contato para perguntar como se liga o PC, mas isso não vem ao caso. A questão é que o Brasil esta entrando em sua fase Matrix, ou seja, sem as maquinas nada funciona.

“Senhor, pedimos desculpas. No momento nosso sistema se encontra inoperante”, “O sistema caiu, o banco só retornará com as atividades no prazo de uma hora”, “O aparelho para o qual você ligou, encontra-se fora da área de cobertura ou desligado”, “Deixe seu recado após o sinal”, “Loading...”, “Este computador executou uma operação ilegal, salve todos os seus trabalhos pois esta operação será encerrada”, “Obrigado por utilizar o banco vinte e quatro horas”, “Terminal inoperante”... Quantas destas frases e muitas outras do gênero você já ouviu? Será que há retorno? Sobreviveremos a era das maquinas? Com certeza, não se continuarmos estagnados aguardando o sistema voltar.

Em uma reflexão um pouco mais “viagem na maionese”, penso que por mais que nossa medicina tenha evoluido e possamos contar transplantes de alguns orgãos, diferente de nós as maquinas tem mais possibilidades, elas conhecem o segredo da longevidade e sabem que nos tornamos seus dependentes. Acredito que um resquício de Frankeinstein é uma das maiores marcas desta história.

Por sorte, a idéia central das páginas do RPG que estou trabalhando para o Universo Germinante continuam em minha mente e em alguns manuscritos, meu HD continua com o técnico aguardando um veredito, comprar outro ou usar o mesmo. Mas a digitalização de nossos pensamentos e ações continuam em seu processo “forçação-de-barra” evolutivo, o maior problema é quando determinados hábitos viram vícios e acabam nos levando a escravidão.

Por hora vou aproveitar um pouco da liberdade!

J.P. Rodrigues

2 comentários:

Unknown disse...

JP adorei a crítica de hj..Podia ter falado mais dos casos bizarros que vc atendia no call center! Dá um livro! Abraços..rs..

João Carpalhau disse...

Fala Juliana!
Obrigado pelo comentário, fico feliz que tenha gostado do texto. Realmente dava para escrever um livro sobre as bizarrices em relação aos callcenters de todo o Brasil.
Sinceramente, tenho andado preocupado com a forma distante e impessoal que as relações humanas vem ganhando.
Continue ligada no Universo Germinante, todo dia uma novidade.
Beijo!

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